Conflitos e as forças de reconexão e reconciliação no processo terapêutico
Conflitos fazem parte da realidade como nós a conhecemos e a experimentamos.
Eles surgem nas nossas relações pelos mais diversos motivos e surgem na alma quando forças contrárias nos dividem internamente e também nas nossas relações.
Nós então lutamos contra essas forças ou as reprimimos.
Isso é o que geralmente fazemos.
O resultado é que nós perpetuamos os conflitos.
Nesse artigo eu exploro a importância de lidar conscientemente com os conflitos e apresento algumas possibilidades para isso.
Nessa semana eu gravei um vídeo sobre esse tema, para assisti-lo clique aqui.
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Conflitos na Alma
O primeiro passo para lidar com qualquer coisa na vida é reconhecer a sua existência.
Muitos conflitos são sutis e acontecem na alma.
Quando isso acontece, nos sentimos divididos, intranquilos, estressados e esgotados.
Na terapia, para que possamos lidar com os conflitos, é importante criar um espaço de permissão, com um coração pacífico.
O papel do(a) terapeuta aqui não é a de um juiz ou uma juíza.
Mesmo porque é o próprio estado mental de julgamento que mantém a existência dos conflitos.
Quando se trata de conflitos internos, há que se ter a postura interna de olhar para todos os elementos que fazem parte do processo.
Nesse sentido, a terapia ajuda a operar um trabalho de reconciliação entre as partes da própria psique que foram excluídas.
Quando isso é feito com técnicas adequadas, o resultado é um senso de mais paz e maior vitalidade. Mesmo porque conflitos crônicos causam cansaço.
Uma técnica muito simples e muito eficiente consiste em verbalizar as frases que não damos permissão para que sejam expressadas socialmente.
Ao expressar essas frases ou esses diálogos internos que existem no subterrâneo das nossas consciências, trazemos essas energias para a luz da consciência.
Essa permissão, aliada a uma atmosfera de possibilidade de mudança, via de regra transforma o conteúdo que até então, era negado.
Nas Constelações Familiares
As Constelações Familiares são excelentes para representar processos psíquicos e para lidar com dinâmicas de conflitos relacionais.
Elas ajudam a conciliar vítimas e perpetradores, assim como seus familiares, principalmente nos casos mais graves como de abuso sexual, estupro, assassinato e injustiça política.
Quando se trata de dinâmicas de vida e morte, amor e justiça, os sentimentos profundos e os processos da alma são os mesmos em todo o mundo.
Nas Constelações familiares, elas recuperam os excluídos para as famílias. Lembre-se que a alma do grupo não exclui ninguém.
Procuramos reconhecer em igualdade todos os que pertencem a um sistema de relações, estejam vivos ou mortos.
Conflitos Sociais
Não existe quase nenhum país que não tenha sido assolado por guerras civis ou conflitos sociais
Por toda parte há choques de culturas diferentes, injustiças, migrações, deportações, incertezas, etc.
Oposições, conflitos, interesses diferentes, lutas e guerras fazem parte da realidade do mundo.
É ingenuidade acreditar numa solução simples para um mundo tão complexo e tão variado.
Mas podemos aprender a lidar com os conflitos com um coração pacífico
Na culpa ou na inocência, o fato de confiar-nos e confiar as outras pessoas, vivas ou mortas a uma força maior – não importa como você chame essa força – pode levar-nos além dos processos terapêuticos e tocar-nos num nível mais profundo da alma.
Nesse nível mais profundo da alma, podemos reconhecer nossas semelhanças.
E é claro que esse pode ser um processo bem difícil, especialmente em casos por exemplo:
- quando uma criança foi gravemente abusada,
- quando um casal se ofende gravemente,
- quando somos afligidos por sintomas físicos ou psíquicos
Toda terapia consiste num trabalho de reconexão e reconciliação
Temos de reconhecer a sua importância e reintegrar as nossas partes que foram isoladas.
Da mesma forma que temos que reconhecer as pessoas e situações que excluímos
Quando se começou a trabalhar com as constelações familiares, os perpetradores eram frequentemente expulsos de cena, como um sinal de que perderam o direito de pertencer ao seu grupo e para evitar que seus descendentes se excluíssem em no lugar deles
Mais tarde, ficou cada vez mais claro que o alívio trazido por esse procedimento aos familiares dos perpetradores e às vítimas era apenas aparente
Evidenciou-se sempre mais, em numerosas constelações, que as vítimas e os perpetradores se atraem e que se cria entre eles um vínculo indissolúvel, que seria reforçado pela exclusão dos perpetradores
A compaixão pelas vítimas pôde desenvolver-se melhor quando se pôde aceitar que as vítimas e os perpetradores estão ligados e são igualmente acolhidos na morte ou na grande alma
Não somente as vítimas mas também os perpetradores precisam reconhecimento e um lugar na família
Só assim, eles tem a oportunidade de perceber o efeito dos seus atos e de sentir compaixão por suas vítimas
Como podemos lidar com eles de forma a possibilitar a paz e a reconciliação entre vítimas e perpetradores e entre suas gerações, em função do futuro?
Como podemos lidar com as partes negadas e excluídas da nossa própria psique?
Essas são perguntas para serem exploradas com a mente e o coração abertos, assim como com algumas ferramentas para facilitar o processo.