A Consciência de Grupo na sua Família e suas influências no Destino
A consciência de grupo atua como de modo arcaico. Seu objetivo é a conservação e a sobrevivência do grupo.
Hoje em dia ela geralmente não é mais percebida por nós. Mas ela atua. E como atua!
A consciência grupal não olha para o indivíduo como uma pessoa, mas para o grupo como um todo e vê o indivíduo apenas em sua função para o grupo.
Ela atua como um movimento comum de todos: pense na imagem de um grande cardume de peixes ou de um bando de aves movimentando-se como um único organismo.
Essa força é presente na sua família e o reconhecimento dessa força de atuação é presente no trabalho das Constelações Familiares.
Nesse artigo eu exploro a atuação da consciência de grupo e como isso se reflete nos grandes dilemas e dramas da vida humana.
E também gravei um vídeo sobre esse assunto.
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A dimensão da Alma do Grupo
Nas Constelações Familiares, através de cenas simples, em silêncio ou com poucas palavras, entramos em contato com dinâmicas humanas fundamentais e as compreendemos logo, com um profundo saber interior.
Vivenciamos de um forma direta o que chamamos de alma humana.
O trabalho das Constelações nos possibilita perceber a alma do grupo, essa força que nos une.
Muitas pessoas se surpreendem ao sentirem, durante uma constelação, essa força de vínculo conectada ao contexto profundo da família.
Acontecimentos do passado e destinos comunicam-se através de gerações através da força do grupo.
Através da consciência do grupo continuamos vinculados à nossa família e aos nossos relacionamentos, mesmo que a comunicação tenha sido interrompida.
É muito frequente que com as constelações familiares voltemos a nos sentir como os seres relacionais que verdadeiramente somos.
As percepções e experiências que temos quando vivenciamos a consciência do grupo às vezes conflitam com as nossas noções de individualidade e de liberdade individual, como são presentes na vida moderna.
As forças do destino
Chamamos de destino as forças do passado que vinculam-se aos acontecimentos em gerações futuras.
Alguns exemplos:
Um relacionamento muito importante do pai antes do casamento;
O primeiro marido da mãe;
Um filho fora do casamento que não foi reconhecido;
Um assassinato cometido pelo avô;
Todos esses acontecimentos importantes do passado são ligados ao destino da família e afetam em muito as gerações posteriores.
O trabalho das Constelações familiares revela-se particularmente eficaz quando sentimos estar revivendo sem necessidade realidades passadas de outras pessoas.
No que diz respeito ao nosso futuro, nós temos uma boa liberdade de ação na medida em que lidamos com as forças do destino e nos abrimos para as mudanças.
O trabalho das constelações familiares abriu uma nova consciência sobre a dimensão do destino.
As grandes forças da alma que atuam muito além da nossa vontade pessoal e dos nossos pontos de vista pessoais e que interferem nas nossas vidas, emergem do inconsciente coletivo e podem então ser encaradas e honradas num processo de abertura para algo novo.
Quando nos deparamos com os grandes conflitos sociais, políticos e militares, sabemos instintivamente que os seus efeitos envolvem muitas gerações.
Esses efeitos se fazem presentes em gerações futuras através do que chamamos nas Constelações Familiares de “emaranhamentos”.
Nos emaranhamentos, as pessoas das gerações seguintes são “tomadas a serviço” pelo sistema, de forma que sem saber e muito menos sem querer, representam pessoas excluídas ou dinâmicas não resolvidas de outras pessoas do sistema, para que esses integrantes do sistema sejam vistos.
Como geralmente não sentimos a consciência de grupo, só podemos percebê-la nos seus efeitos sobre os membros dos grupos.
Na medida em que podemos perceber os seus efeitos, isso nos possibilita olhar conscientemente a situação e lidar com o que se apresenta, conseguindo soluções que satisfaçam a consciência grupal e simultaneamente ajudem a superar suas limitações.
A Boa Consciência e a Má Consciência
O conceito de consciência remonta à Grécia antiga, com a ideia de que “existe alguém que sabe” de todas as nossas ações, perante os homens e perante os deuses.
Os gregos tinham uma cosmovisão anterior à visão cristã e portanto, as noções de bom e mau como norma divina absoluta não se aplicam aqui.
Para a consciência de grupo, a consciência nos diz somente o que devemos fazer para poder pertencer a um grupo e o que precisamos evitar, para não que não sejamos punidos ou excluídos.
Pertencimento, Ordem de chegada e Compensação: as 3 dinâmicas da Consciência de Grupo
No nível do pertencimento a um grupo, a boa consciência é quando fazemos algo que nos permite pertencer ao grupo e sermos acolhidos e respeitados pelos demais como seus iguais.
A má consciência é quando nos comportamos de forma que somos excluídos e perdemos ou arriscamos perder a proximidade e a segurança do grupo.
A ordem nos sistemas de relações se refere à hierarquia ou à posição que assumimos.
Também se refere à convivência confiável e temos a boa consciência quando nos atemos às regras e às normas vigentes do grupo.
A má consciência aqui é quando nos opomos às hierarquias, às ordens, às verdades e às regras do grupo.
O nível da compensação dos grupos é ligado ao equilíbrio entre o dar e o receber e à percepção dos direitos e deveres.
A boa consciência aqui é quando adquirimos o direito de receber algo por ter dado algo e quando contribuímos para aparar desequilíbrios e possibilitar uma convivência justa.
A má consciência é quando ocasionamos desequilíbrios e injustiças que ameaçam a coesão e a paz do grupo. E também quando nos fechamos para receber e interrompemos o fluxo natural da vida.
Os três níveis de consciência: Consciência de grupo, consciência pessoal e consciência universal
No último artigo eu escrevi sobre os 3 níveis de Consciência.
Nesse, onde eu escrevo sobre o nível da consciência de grupo, facilita compreender o nível da interação entre os três níveis.
O indivíduo olha para as exigências do grupo mas a consciência do grupo não leva em consideração o indivíduo.
Cada um desses 3 níveis de consciência conserva a sua própria necessidade para a nossa vida de relações.
Essas forças atuam, dirigem e fluem juntas e se complementam mas também se contradizem.
Mesmo no nível individual da consciência aparecem contradições, por exemplo, entre as exigências do pertencer e as necessidades de impulsos individuais.
No trabalho terapêutico é preciso saber que espécie de conflito de consciência está atuando no/a cliente.
E quais vínculos, eventos e comportamentos dos indivíduos e dos grupos estão atuando e qual nível de consciência que nos oferece caminhos para a solução.