Vestígios Da Fase Edipiana

Amores impossíveis e Triangulações: 2 vestígios da fase Edipiana

Amores impossíveis e Triangulações: 2 vestígios da fase Edipiana

A fase edipiana é conhecida como uma área que envolve 3 pessoas.

As outras fases do desenvolvimento que eu já escrevi em artigos anteriores foram a fase oral e a fase anal.

Na fase oral, o vínculo de amor é a essência.

Na fase anal, desenvolve-se a vontade.

Na fase edipiana, amor e vontade são vistos juntos.

Tradicionalmente, pensava-se que o estágio edipiano ocorria entre as idades de quatro a seis anos.

Mas os estudos posteriores situam-na mais cedo, em algum ponto a partir dos dois anos e meio.

O arquétipo que se constela nessa ocasião é o da União.

O planeta principal ativado durante essa fase é Vênus, embora esse estágio da vida constele certas outras partes do mapa.

Nesse artigo, eu exploro essa fase do desenvolvimento e seus efeitos nos relacionamentos adultos junto com o olhar dos arquétipos da astrologia.

Vestígios Da Fase Edipiana

Principais tópicos desse artigo (clique na seta ao lado para abrir o menu)

Uma outra pessoa: o pai

Nos primeiros anos de vida, a mãe em geral é mais óbvia do que o pai para a criança.

À medida que a criança vai se desenvolvendo, gradualmente ela vai se tornando mais consciente de que o pai “é outra pessoa”.

No início, a criança existe numa fusão com a mãe, num estado de unidade.

Em circunstâncias normais, a criança está diariamente com a mãe e estabelece um vínculo íntimo com ela.

O pai traz algo completamente diferente: um “cheiro do mundo”.

E dependendo de alguns fatores que mostrarei em breve, o pai pode ser considerado pela criança como um intruso ou um destruidor do paraíso da mãe com a criança.

Indicações Astrológicas

Como mencionei em outro artigo: As Crenças Centrais que determinam a sua vida, são determinadas predisposições arquetípicas que estruturam o que cada pessoa extrai da vida.

Por exemplo, uma criança que nasce com o Sol formando uma quadratura com Plutão pode sentir a chegada do pai como uma invasão:

A sensação de que um intruso está interferindo na união perfeita com a mãe.

O Sol em aspecto desarmônico com Marte ou Urano também pode criar essa sensação na criança.

Mais positivamente, o pai provê a energia necessária do princípio masculino que ajuda a criança a se separar da mãe.

Tendo aspectos bons com o Sol, a criança percebe o pai como alguém que pode prepará-la e ensiná-la: como enfrentar o mundo exterior e afastar-se do excesso de proteção da mãe.

É o pai com a sua energia própria que lhe conta das suas aventuras e dessa forma, a criança se anima a sair e enfrentar o mundo.

A influência positiva do pai equipa a criança para se tornar o herói ou heroína da sua própria história.

À medida que a criança se move da fase oral para a fase anal, passando pelo estágio edipiano, a urgência de expressar e afirmar a sua personalidade torna-se mais forte.

Projeção

É na fase edipiana que o menino projeta a Lua e Vênus em sua mãe e a menina projeta o seu Sol e Marte em seu pai.

Quando o menino deseja a mãe, de uma certa maneira, ele está projetando as energias da Lua e de Vênus na mãe.

Quando a menina deseja o pai, ela está tentando reunir-se com o próprio Sol e com Marte.

Nos primeiros anos de vida, a criança experimenta muitas das energias do seu mapa (sua própria psique) como sendo exterior a ela.

A sexualidade surge com mais clareza

Desejos edipianos introduzem o elemento do sexo oposto pela primeira vez.

A menina está estabelecendo contato com a sua própria masculinidade interior através do desejo que ela sente pelo pai.

O menino que se separou da mãe durante a fase anal, agora a está vendo conscientemente como algo diferente de si mesmo e tomando contato com o seu desejo por ela.

A simbologia interior da criança

Simbolicamente, o desejo incestuoso pode ser entendido como uma tentativa de unir os princípios masculino e feminino dentro de si.

A criança projeta a imagem do Masculino ou do feminino no pai e na mãe tenta completar-se unindo-se a essa imagem.

O desejo de ser especial: ciúmes e competição por atenção

Apesar das confusões a respeito desse tema, a criança não deseja o pai ou a mãe no sentido sexual.

O que ela realmente deseja é ser a pessoa mais especial para o pai ou para a mãe.

E se ressente pelo fato do genitor do mesmo sexo impedir isso.

O complexo de Édipo ou de Electra (como é chamado para as meninas), é na verdade, um ataque ao relacionamento dos pais:

Na medida em que o menino se torna mais consciente do pai, ele também se torna mais consciente de que o pai é o seu rival na atenção que a mãe dá a ambos.

O menino vê que ela dá atenção ao pai e fica com ciúmes porque a quer toda para si.

A menina está tentando unir-se ao pai e vê a mãe como uma rival.

Pistas astrológicas

Algumas pessoas com aspectos fortes em Leão tem muitas vezes grande dificuldade na fase edipiana.

Note aqui que não estou me referindo necessariamente à pessoas com o Sol nesses signos. Estou me referindo aos signos como arquétipos.

Leão também se relaciona com o desejo de ser especial, de ser o centro das atenções.

Áries é outro signo que pode suscitar temas relacionados com a rivalidade edipiana.

Libra é outro signo agudamente consciente do que acontece no relacionamento e portanto é sensível aos temas edipianos.

Gêmeos tem a capacidade de envolver-se em vários triângulos.

Escorpião gosta de minar aquele que tiver mais poder e influência.

O dilema edipiano é universal.

Iniciativa X Culpa

Erikson diz que o tema principal da fase edipiana é Iniciativa versus Culpa.

E foi assim que ele definiu essa fase.

A iniciativa é expressa pelo desejo de conquistar a mãe e derrotar o pai.

Temos então a formação de um triângulo. E em algum nível, o menino sente-se culpado por causa do desejo.

O menino teme que o pai descubra o que ele está desejando e o castigue.

A situação é semelhante para a menina: ela teme que a mãe descubra que ela quer o pai para si mesma e teme ser castigada por isso.

Síndrome do Impostor e o Medo de ser Descoberto

Todos passamos por uma regressão espontânea à fase edipiana quando temos a sensação de que, se as pessoas realmente souberem o que nós realmente pensamos ou desejamos, elas deixarão de nos apreciar e seremos punidos.

E uma das formas de punição é perdermos o afeto das pessoas que amamos.

Pode restar um medo adormecido dessa fase edipiana de que as pessoas descubram que por debaixo das aparências, nós somos incapazes e ineptos.

Se a pessoa está de fato encalhada na fase edipiano, continuará sentindo-se inadequada e inferior durante toda a sua vida.

É como o garotinho ou garotinha interior que ainda está se comparando com a (ideia que ele fez da) “gente grande”.

A solução do complexo de Édipo surge quando o menino para de competir com o pai e decide seguir o seu exemplo ou imitá-lo.

Complicações na fase edipiana: quando o menino se torna o “eleito” e o pai é excluído

O que acontece, se a mãe descobrir que a relação com o menino é mais desejável e satisfatória do que a relação com o marido?

Se o relacionamento conjugal não satisfaz, a mãe pode de fato voltar-se para o menino para obter dele a satisfação emocional que deveria estar recebendo do marido.

Nesse tipo de enredamento, um tipo de característica erótica (não necessariamente explicitamente sexual) começa a infiltrar-se no relacionamento maternal com o filho.

Tragicamente, isso significa que a energia libidinosa do menino fica tão ligada à mãe que ele não se sente livre para deixar que essa energia flua em outras direções e para outros relacionamentos.

Para o menino, inicialmente parece maravilhoso: “venci” o papai.

Mas por baixo, há a sensação de que destruiu o pai e de que, mais cedo ou mais tarde, será punido por isso.

O “filhinho da mamãe”

Ele se torna o “filhinho da mamãe” e o pai é excluído.

Esse enredamento funciona como um triângulo amoroso que perdura na vida adulta do menino.

Um conflito velado ou aberto se estabelece com o genitor do mesmo sexo.

Uma situação semelhante pode acontecer com a menina se o pai se voltar para ela para obter a apreciação emocional e o amor que não está obtendo da mulher.

Ela se torna a eterna garotinha do papai e homem nenhum pode competir com a perfeição que papai representa.

Afastamento

Dificuldade semelhante pode surgir se o genitor do sexo oposto morre ou sai de casa durante essa fase edipiana.

O garotinho pensa que conquistou a mãe tirando-a do pai, mas ele também abriga o medo de que será punido por tê-lo destruído.

O mesmo acontece à menina, se sua mãe sair de casa ou morrer durante esse período.

Édipo Invertido

Normalmente o filho deseja o genitor do sexo oposto.

Mas o que acontece se este for tão indesejável que não há meios da criança ansiar por ele?

Nesses casos, o menino pode desejar dar ao pai o que a mãe deveria estar dando; e a garotinha pode desejar dar à mãe o que o pai deveria estar dando.

O dilema que segue se repetindo

O dilema edipiano ressurge na adolescência com a rivalidade dos meninos na escola pela conquista das melhores meninas e vice-versa.

Por toda a vida pode-se ver vestígios desse complexo nos homens e mulheres.

O exibicionismo às vezes é um remanescente da fase edipiana.

Outra é a atitude de exigir atenção.

Posteriormente na vida, uma mulher pode inconscientemente comparar o homem que ela deseja com o pai que ela não conquistou.

Para ela, o sucesso de atrair o amor do homem que ela deseja está ligado à menininha que ainda está tentando conquistar o pai.

Uma das pistas astrológicas é analisar a posição da Vênus no mapa natal.

No exemplo acima, Vênus em aspecto difícil com Saturno pode ter deixado nela a impressão de lhe falta algo que a torne atraente aos olhos do pai.

Vênus em aspecto com Lua

Esse aspecto pode revelar problemas edipianos, especialmente em mapas masculinos.

A imagem da Lua/mãe se entrelaça com Vênus – a imagem da amada, da união.

Existe o amálgama do elemento maternal (Lua) e do elemento erótico (Vênus).

O princípio feminino, tem muitas facetas diferentes: uma é a da mãe que o alimenta, que cuida de você; a outra é a da amada ou amante que seduz, flerta e estimula.

O menino com a Lua em aspecto com Vênus tem dificuldade em separar essas facetas.

Concluindo

Para trazemos um olhar consciente no processo da terapia para os conflitos nos relacionamentos, precisamos de duas coisas:

A primeira delas é uma honestidade brutal com nós mesmos

A segunda é um espaço para permitir vulnerabilidade e olhar para o histórico amoroso e para as imagens internalizadas e sentimentos envolvidos.

O mapeamento das fases de desenvolvimento, o histórico de relacionamentos e o mapa astrológico nos dão pistas sobre isso.

Lembrando que nós sempre temos escolhas e que tomar consciência é o primeiro passo, eu encerro esse artigo por aqui.

Desejo tudo de melhor na sua vida.

E no que eu puder facilitar, esse é o meu trabalho.

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